O ladrão Cesar Sakaki, o “Japonês”, já possuía 3 condenações
da Justiça, que somavam 27 anos de
prisão, quando conseguiu escapar da cadeia, graças ao “esquecimento” de
Juscelino Kubitschek Campos de Souza, o “JK do Povão”, hoje blogueiro e
candidato a prefeito de Santarém.
Na época, Juscelino era agente prisional do Centro de
Recuperação Agrícola Sílvio Hall de Moura (CRASHM), hoje Unidade de Custódia e
Reinserção (UCR), de Santarém.
Juscelino deixou abertos o cadeado e a porta de grade
da cozinha da penitenciária. Essa porta dava acesso à uma porta de saída para
os fundos da penitenciária.
Assim, o Japonês passou facilmente pelas duas portas e
pulou o muro da penitenciária. E sabe como ele fez isso? Com a ajuda de uma “Tereza”,
uma corda improvisada com um vergalhão e lençóis amarrados uns nos outros.
Isso leva à certeza de que a fuga foi planejada: desde
as portas e cadeados abertos, até a corda improvisada, para que ele pudesse
pular o muro. Afinal, nenhum preso carrega lençóis e um vergalhão como se fosse
a coisa mais natural do mundo.
Na época, o Japonês já era um bandido perigoso: é
preciso que um ladrão roube várias vezes, ameace as vítimas com arma e aja
junto com parceiros, para que seja condenado a tanto tempo de prisão.
Mas foi em 2016, quando estava em liberdade
condicional, que ele cometeu o seu crime mais nojento.
No dia 25 de fevereiro de 2016, ele e outro bandido,
armados de revólver e faca, invadiram a casa de um cidadão, no bairro de Mararu.
O Japonês, o mais violento, ameaçou até mesmo estuprar
a esposa, a enteada e a filha de apenas 3 anos do homem.
Foi um dia que ele jamais esquecerá.
Veja o relato da vítima: “Eu sou um trabalhador,
pai de família. Infelizmente, eu fui assaltado na minha residência. A minha
esposa, a minha filha de três anos de idade e a minha enteada, de 16, foram
ameaçadas sexualmente. Infelizmente, não deveria ter acontecido isso, se esse
candidato a prefeito de Santarém não tivesse deixado o cadeado aberto. Não
tivesse deixado sair, fugir, esse tal de Japonês. Esse pai que tá aqui, pense
no que eu passei, com uma arma na cabeça, ser humilhado, e prestes às mulheres
da minha vida serem estupradas na minha frente”.
O delegado de polícia que investigou o caso, Ednaldo
Souza, relata que, na época, o Japonês pertencia à uma quadrilha. “Essa
quadrilha agia com bastante violência, sim. Eles eram conhecidos por essa
violência extrema. E isso acaba atingindo pessoas inocentes. No caso, as
vítimas, que foram submetidas a momentos de pânico, causados pelo Japonês”,
conta o delegado.
Segundo ele, o Japonês e seu parceiro entraram na casa
do homem “usando de violência, de arma de fogo”. E aí, o Japonês levou a
mulher e sua enteada para um cômodo 'e obrigou-as a despir'".
Sindicância
Segundo a Sindicância Administrativa Disciplinar que
investigou a fuga do Japonês, Juscelino confessou a culpa pelo ocorrido.
Na época, Juscelino era o responsável por trancar o
cadeado da porta da cozinha. Mas disse que “pensou que a grade estivesse
fechada, bem como o cadeado estivesse trancado, mas depois ficou sabendo que o
cadeado não estava trancado direito”. Além disso, confessou que também não
checou a porta que dava para os fundos da penitenciária.
Segundo a Sindicância, ele “reconheceu claramente que
não fez o procedimento correto”. E o depoimento dele foi “uma inequívoca
confissão de culpa”.
Um agente prisional declarou à Sindicância que a
atitude de Juscelino, “ao deixar a porta aberta que dá acesso ao muro, acabou
por facilitar a fuga”.
Para a Sindicância, as provas apontavam a “inarredável culpabilidade” de Juscelino.
Mas como ele não estava mais na Susipe, o caso foi arquivado, já que ele não
poderia mais sofrer punições administrativas.
Na ficha funcional dele, segundo certidão obtida na
Corregedoria da Susipe, consta que, além da Sindicância, ele também respondeu a
um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), em 2009. A acusação foi de
“responsabilidade administrativa ou funcional, por suposto comportamento
desidioso”, o que significa negligência na execução de um serviço.
Hoje, Juscelino faz fama na região de Santarém como
blogueiro, ao denunciar crimes e supostas irregularidades de outras pessoas.